Eram 00h32min, da manhã de domingo.
Depois de mais de quatorze horas de serviço, chegava
em casa, mirando a direção do chuveiro e logo após o caminho da cama.
Ainda
cansado, no banheiro, em baixo do chuveiro, passou – me na cabeça, que dia era,
e o que aconteceria naquela fria madrugada.
Sim, era o “Evento
do Século”, UFC 148; Anderson Silva vs
Chael
Sonnen.
Medi meu cansaço vs minha vontade de ver, o que seria
para muitos, um dos momentos mais importantes da história de um país.
O cansaço era
de vera maior... Mais o superei.
Afinal, era o
“Evento do Século”.
Sentei na frente do computador e me deparei, em um
portal de uma grande emissora do país, o “minuto a minuto” do tão “mamado”
confronto.
Pensei, “-Não.
Vou assistir na TV, sem saber do resultado, para ver se sinto alguma emoção,
nessa selvageria”.
Liguei o
televisor, na emissora que se diz “a casa do UFC no Brasil”.
No momento
ainda passava um programa chato, com baixo grau de criatividade, simplesmente
mais uma “encheção” de linguiça da Tv,
O cansaço foi
mais forte e me nocauteou.
Acordei com o
narrador da luta já chamando o vídeo da divulgação do “Espetáculo do Circo dos
Horrores”.
Deparei-me
com dois homens, frios, nervosos, empurrados por duas grandes nações, que
aplaudiria quem fosse mais selvagem.
Dois corpos,
prontos para fazer história, de qualquer forma, mesma que essa forma, fosse a
mais violenta.
A luta começa, com comentários nada imparciais do “telecomunicador”,
além é claro do seu “- Estamos ao Vivo.” Acho que não né?
Vi um búfalo correndo
pra cima de outro, em uma briga ferrenha, para defender seu potreiro.
Não pareciam humanos.
O primeiro round, foi de “comadres”, um em cima do
outro, em algo que mais parecia “ A banheira do Gugu”, do que o tão falado UFC
148.
No segundo
Round, o búfalo rei dominou seu oponente.
Em uma
tentativa de levantar o público, o desafiante tentou uma cotovelada giratória e
se deu mal.
Caiu e
apanhou.
Apanhou feio.
A luta
acabou, e o espetáculo também.
Ainda houve uma certa provocação do vencedor e uma
tentiva de afirmação que aquilo que eu acabará de ver era um esporte.
O mundo
aplaudia o “Gladiador do Bem”, que mais uma vez vencia o mal.
Calava a boca
de um falastrão.
Não, não é
assim.
Já vi, em
algumas paginas virtuais hoje, comunicadores dizendo que o “búfalo rei”, é o
primeiro ídolo do país depois de Ayrton Senna.
E o que mais
me entristece é ter que concordar.
Infelizmente,
isso é verdade.
Um ídolo criado
pela mídia, que “todo pão que toca, vira hóstia”.
Prova a derrocada do país.
Até aonde essa
febre vai chegar?
Levantei do
sofá e fui dormir. Isso já era 02h28min da manhã.
Vi a história ser escrita, infelizmente, escrita a
sangue e brutalidade.
This is not,
not, not a sport.
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