domingo, 8 de julho de 2012

Espetáculo do Circo dos Horrores


Eram 00h32min, da manhã de domingo.

Depois de mais de quatorze horas de serviço, chegava em casa, mirando a direção do chuveiro e logo após o caminho da cama.

 Ainda cansado, no banheiro, em baixo do chuveiro, passou – me na cabeça, que dia era, e o que aconteceria naquela fria madrugada.

 Sim, era o “Evento do Século”, UFC 148; Anderson Silva vs Chael Sonnen.

Medi meu cansaço vs minha vontade de ver, o que seria para muitos, um dos momentos mais importantes da história de um país.

 O cansaço era de vera maior... Mais o superei.
 Afinal, era o “Evento do Século”.

Sentei na frente do computador e me deparei, em um portal de uma grande emissora do país, o “minuto a minuto” do tão “mamado” confronto.
 Pensei, “-Não. Vou assistir na TV, sem saber do resultado, para ver se sinto alguma emoção, nessa selvageria”.

 Liguei o televisor, na emissora que se diz “a casa do UFC no Brasil”.

 No momento ainda passava um programa chato, com baixo grau de criatividade, simplesmente mais uma “encheção” de linguiça da Tv,

 O cansaço foi mais forte e me nocauteou.

 Acordei com o narrador da luta já chamando o vídeo da divulgação do “Espetáculo do Circo dos Horrores”.

 Deparei-me com dois homens, frios, nervosos, empurrados por duas grandes nações, que aplaudiria quem fosse mais selvagem.
 Dois corpos, prontos para fazer história, de qualquer forma, mesma que essa forma, fosse a mais violenta.

A luta começa, com comentários nada imparciais do “telecomunicador”, além é claro do seu “- Estamos ao Vivo.” Acho que não né?

 Vi um búfalo correndo pra cima de outro, em uma briga ferrenha, para defender seu potreiro.
Não pareciam humanos.

O primeiro round, foi de “comadres”, um em cima do outro, em algo que mais parecia “ A banheira do Gugu”, do que o tão falado UFC 148.

 No segundo Round, o búfalo rei dominou seu oponente.
 Em uma tentativa de levantar o público, o desafiante tentou uma cotovelada giratória e se deu mal.

 Caiu e apanhou.
 Apanhou feio.

 A luta acabou, e o espetáculo também.

Ainda houve uma certa provocação do vencedor e uma tentiva de afirmação que aquilo que eu acabará de ver era um esporte.

 O mundo aplaudia o “Gladiador do Bem”, que mais uma vez vencia o mal.
 Calava a boca de um falastrão.
  Não, não é assim.

 Já vi, em algumas paginas virtuais hoje, comunicadores dizendo que o “búfalo rei”, é o primeiro ídolo do país depois de Ayrton Senna.

 E o que mais me entristece é ter que concordar.
 Infelizmente, isso é verdade.

 Um ídolo criado pela mídia, que “todo pão que toca, vira hóstia”.

Prova a derrocada do país.
 Até aonde essa febre vai chegar?

 Levantei do sofá e fui dormir. Isso já era 02h28min da manhã.

Vi a história ser escrita, infelizmente, escrita a sangue e brutalidade.

This is not, not, not a sport.  




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